Será que está na altura de fazeres um PPR?
Se ainda não sabes o que é este produto financeiro, fica a conhecer e compara-o com outras opções no mercado.
Chegamos a uma altura do ano em que podes ver muita publicidade feita aos Produtos Poupança Reforma (PPR). Os bancos e outras instituições querem vender estes produtos para fecharem o ano em beleza e muito portugueses aproveitam para poderem investir e obter benefícios fiscais. Sabe neste artigo se este pode ser um produto adequado para ti.
O que é mesmo um PPR?
Podes ouvir falar e não saber. Não há problema: este é o sítio onde aprendemos.
O Plano Poupança Reforma (PPR) é um produto financeiro comercializado em Portugal para incentivar à poupança no longo prazo. Como o nome indica, serve como complemento para a reforma, oferecendo uma solução de irem poupando ao longo do tempo para, na chegada da reforma, terem algum valor de parte para ser usado.
O que é mesmo este produto, perguntas tu? Existem dois grandes tipos de PPR que podes encontrar no mercado: (1) os Fundos PPR e os (2) Seguros PPR.
Os fundos querem dizer que o valor é investido em diversos ativos financeiros, podendo contemplar ações, obrigações, matérias-primas, etc. Geralmente têm um nível de risco mais elevado e não têm capital garantido.
Já os seguros são produtos associados a um contrato de seguro de vida. São mais conservadores, e podem ter garantia de capital, o que se traduz numa rendibilidade mais baixa.
Atenta as condições de resgate
O importante é focares-te na palavra “reforma”. Enquanto compras uma ação e podes vender quando quiseres, o PPR podes subscrever quanto te apetece, mas o resgate sem penalizações deve ser feito em algumas situações tais como:
A partir dos 60 anos de idade.
Reforma por velhice.
Desemprego de longa duração.
Doença grave ou incapacidade permanente para o trabalho.
Utilização para pagamento de prestações de crédito habitação própria permanente.
Se quiseres resgatar o valor que investiste fora destas condições, podes ter de pagar penalizações ou devolver benefícios fiscais.
Porque é que os PPR são tão populares em Portugal?
Um dos grandes incentivos que o PPR traz que muitas pessoas falam são os benefícios “à entrada” e os benefícios “à saída”. Traduzindo por miúdos, quem subscreve um PPR pode: obter benefícios fiscais em sede de IRS bem como pagar imposto sobre mais-valia mais pequeno quando resgata o PPR.
O benefício à entrada…
é que se investires um determinado valor, podes declarar esse investimento na declaração de IRS e dá-te um benefício fiscal de 20% do valor investido. O montante máximo da dedução obedece às seguintes regras:
Se tens menos de 35 anos, podes deduzir até 400€, desde que apliques 2000€ no PPR, nesse ano;
Entre 35 e 50 anos, o limite máximo é 350€, desde que apliques 1750€;
A partir dos 50 anos, podes deduzir até 300€, desde que apliques 1500€.
Ou seja, quando segues estes valores e declaras a existência do PPR na declaração de IRS, ao fazeres simulações, muitas vezes essa ação faz “engordar” o teu reembolso.
Atenção que a dedução máxima é de 400 euros e portanto se já tens essas deduções via outras despesas, declarar o IRS não vai fazer crescer o teu reembolso. É algo que cada pessoa deve avaliar para o seu caso através da análise da sua declaração de IRS, das suas deduções e de fazer simulações.
…se não obtiveste o benefício à entrada, tens ainda o benefício à saída.
Geralmente a tributação de mais-valias é de 28%. Imagina que compras uma ação a 100 euros e vendes por 200 euros - a tua mais-valia foi de 100 euros, pagas 28% ao Estado (28 euros) então o teu ganho fica-se pelos 72 euros.
No entanto, foi atualizado um projeto-lei, recentemente, em que se mantiveres investimentos em ações durante pelo menos 8 anos, a tributação baixa para 19,6% - um claro incentivo a manteres investimentos no longo prazo.
Agora se fizeres o mesmo com o PPR, o máximo que podes ser taxado é 21,8% (bem perto de um ETF ou ação), o que é aliciante. Considera que só vais fazer o resgate a partir de oito anos e um dia, a taxa a pagar passa para 8,6%, dando-te uma liquidez muito mais generosa do que noutros casos.
Nota importante: antes de fazer um investimento, considera sempre o teu fundo de emergência e o teu perfil de investidor. Não invistas dinheiro de que precisas no dia-a-dia.
Como se compara o PPR a outros produtos financeiros?
Agora que já tens uma pequena introdução sobre o PPR, que tal fazer um exercício de comparação com outros instrumentos financeiros?
Pensa no Joaquim, que tem 30 anos e está disposto a investir 2000 euros, todos os anos, durante algum tempo, por forma a fazer crescer o seu dinheiro a longo prazo. Não tem pressa, mas quer que o seu dinheiro cresça, e está disponível para subscrever em produtos com um maior risco.
Por isso compara investir em ações ou fazer um PPR.
Os pontos fortes das ações é que são ativos que podem ter crescimentos bastante generosos, podem ser vendidos a qualquer altura (por forma a evitar perdas) e permite a gestão pessoal do ativos. O que se deve ter em atenção é que são investimentos sem capital garantido, com mais risco e bastante volatilidade, e é preciso ter alguma calma em “surfar” a onda, quando os valores das ações desvalorizam e valorizam ao longo do tempo.
Os pontos fortes dos PPR são os tais benefícios fiscais, principalmente os de saída - pagar um valor inferior de mais-valias permite-te ter mais liquidez e são um produto com menor risco. Os PPR podem também não ter capital garantido, têm comissões de gestão associadas, e como têm menos riscos podem ter menor rentabilidade.
O Joaquim olha para a rentabilidade como um critério fundamental no seu produto, principalmente comparando com a inflação. Se o PPR superar a inflação e pode ser mais rentável que outros produtos que investes, é uma boa aposta. Mas quando se compara com um dos produtos que traz mais rentabilidade, como o S&P500 ou uma ação específica?
Podes conseguir obter boas rentabilidades num Fundo PPR: o importante é veres qual a estratégia do mesmo. Há produtos que investem mais em ações e outros que variam a estratégia consoante a idade do subscritor.
Assim podes usar o nosso simulador!
Para te ajudar na tarefa de comparação, criámos um simulador para tentares recriar um possível investimento.
➡️ Acede ao simulador através deste link.
Como usares este simulador:
Primeiro, deves colocar quanto pode render o teu PPR anualmente e se tem fee anual de comissão de gestão - vamos supor 4% de rentabilidade e 1% de comissão de gestão.
Os impostos de mais-valias deves deixar estar, para referência na simulação.
Nota extra: foi atualizado o projeto-lei e descreve que se o investimento em ações e ETFs for superior a 8 anos, a tributação baixa para 19,6% - um ganho ainda mais interessante!
Os benefícios fiscais de entrada deves usá-los para reinvestir o valor, e tem em atenção à idade, pois a partir dos 35 anos o valor do reembolso possível do IRS começa a baixar.
No investir no ETF podes colocar o retorno anual e não deverá ter comissões de gestão - para o simulador colocamos 7%, próxima da rentabilidade do S&P500.
A inflação também é algo que podes alterar por forma a ver se os teus investimentos estarão acima da mesma - para o simulador colocámos 2%.
Idade - coloca a idade de quando começas a subscrição do PPR ou do ETF.
Colocámos o período fixo de 9 anos, para poderes pagar o mínimo de taxa de mais-valias do PPR.
Do lado do PPR coloca todos os anos quanto vais investir/reinvestir, bem como a dedução fiscal máxima que podes ter. Vamos assumir que todos os benefícios fiscais são reinvestidos para valorizar ao máximo este tipo de investimento.
Atenta que se começares o investimento com 33 anos, nos primeiros anos podes reinvestir 400 euros, mas no quarto ano, apenas irás reinvestir 350 euros, pois a dedução fiscal será menor.
No ETF, coloca as mesmas prestações, para comparar os dois cenários.
Abaixo podes ver quanto o teu dinheiro cresce num PPR vs num ETF, bem como quanto irás pagar de imposto após os 9 anos. É expectável que pagues muito menos imposto no PPR, pois estás a comparar uma taxa de 8,6% com 28%.
Nesta simulação, preenche com os teus valores, vê a simulação - certamente que o valor superior mostra-te qual o investimento que terá mais liquidez, depois de 9 anos e do pagamento de imposto de mais-valia.
Conclusão
Os PPRs são um instrumento financeiro utilizado pelos portugueses, pois é um investimento de longo prazo, que com os benefícios fiscais, claramente incentiva à sua subscrição.
Antes de investir, é importante não só conhecer os produtos, bem como saber qual o teu perfil de investidor. Geralmente produtos com mais risco podem trazer mais retornos, mais volatilidade e possivelmente um pagamento de mais-valias superiores.
Os PPRs aparecem, assim, como uma alternativa “a meio da tabela”: podem ter rendimentos acima da inflação, são menos arriscados, e têm benefícios fiscais à saída que te permitem ganhar liquidez.
No meio disto tudo, encorajamos sempre a fazer as contas: diversifica os teus investimentos, compara produtos, pergunta-te se aguentas os altos e baixos e constrói um património à tua medida!
Trabalho de casa
Aproveita o simulador deste artigo e reflecte:
Na minha estratégia atual de investimento, faz sentido subscrever um PPR como forma de diversificar?
Se quiser ter um complemento para a reforma, qual os produtos e as poupanças que me vão ajudar nesse sentido?
Qual é o meu perfil de investidor,
Tributação ETF passou a 19,6% o que muda tudo
Ideia para post futuro:
Tributação de ganhos em ETF's, como declarar no IRS, etc..
Fica a ideia :)